O Gato Preto - Edgar Allan Poe

Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror - mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.

Desde a infância, tomaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tomava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter e, quando me tomei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões freqüentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem. 
 Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato. Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento. Pluto - assim se chamava o gato - era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua. Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento - enrubesço ao confessá-lo - sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tomava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência.

Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim - que outro mal pode se comparar ao álcool? - e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tomara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor. Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade. Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão - dissipados já os vapores de minha orgia noturna - , experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera. Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor.

Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado - um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível.

Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de "fogo!". As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos foram tragados pelo fogo, e, desde então, me entreguei ao desespero. Não pretendo estabelecer relação alguma entre causa e efeito - entre o desastre e a atrocidade por mim cometida. Mas estou descrevendo uma seqüência de fatos, e não desejo omitir nenhum dos elos dessa cadeia de acontecimentos. No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. Essa única exceção era constituída por um fino tabique interior, situado no meio da casa, junto ao qual se achava a cabeceira de minha cama. O reboco havia, aí, em grande parte, resistido à ação do fogo - coisa que atribuí ao fato de ter sido ele construído recentemente. Densa multidão se reunira em torno dessa parede, e muitas pessoas examinavam, com particular atenção e minuciosidade, uma parte dela, As palavras "estranho!", "singular!", bem como outras expressões semelhantes, despertaram-me a curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em tomo do pescoço do animal. Logo que vi tal aparição - pois não poderia considerar aquilo como sendo outra coisa - , o assombro e terror que se me apoderaram foram extremos. Mas, finalmente, a reflexão veio em meu auxílio.

O gato, lembrei-me, fora enforcado num jardim existente junto à casa. Aos gritos de alarma, o jardim fora imediatamente invadido pela multidão. Alguém deve ter retirado o animal da árvore, lançando-o, através de uma janela aberta, para dentro do meu quarto. Isso foi feito, provavelmente, com a intenção de despertar-me. A queda das outras paredes havia comprimido a vítima de minha crueldade no gesso recentemente colocado sobre a parede que permanecera de pé. A cal do muro, com as chamas e o amoníaco desprendido da carcaça, produzira a imagem tal qual eu agora a via. Embora isso satisfizesse prontamente minha razão, não conseguia fazer o mesmo, de maneira completa, com minha consciência, pois o surpreendente fato que acabo de descrever não deixou de causar-me, apesar de tudo, profunda impressão. Durante meses, não pude livrar-me do fantasma do gato e, nesse espaço de tempo, nasceu em meu espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, embora não o fosse. Cheguei, mesmo, a lamentar a perda do animal e a procurar, nos sórdidos lugares que então freqüentava, outro bichano da mesma espécie e de aparência semelhante que pudesse substituí-lo. Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto. Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão.

Era um gato preto, enorme - tão grande quanto Pluto - e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pêlo branco em todo o corpo - e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito. Ao acariciar-lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. Era, pois, o animal que eu procurava. Apressei-me em propor ao dono a sua aquisição, mas este não manifestou interesse algum pelo felino. Não o conhecia; jamais o vira antes. Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse - detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse a casa, tomando-se, logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher. De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que - não sei como nem por quê - seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. Uma sensação de vergonha, bem como a lembrança da crueldade que praticara, impediam-me de maltratá-lo fisicamente.

Durante algumas semanas, não lhe bati nem pratiquei contra ele qualquer violência; mas, aos poucos - muito gradativamente - , passei a sentir por ele inenarrável horror, fugindo, em silêncio, de sua odiosa presença, como se fugisse de uma peste. Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um dos olhos. Tal circunstância, porém, apenas contribuiu para que minha mulher sentisse por ele maior carinho, pois, como já disse, era dotada, em alto grau, dessa ternura de sentimentos que constituíra, em outros tempos, um de meus traços principais, bem como fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros. No entanto, a preferência que o animal demonstrava pela minha pessoa parecia aumentar em razão direta da aversão que sentia por ele. Seguia-me os passos com uma pertinácia que dificilmente poderia fazer com que o leitor compreendesse. Sempre que me sentava, enrodilhava-se embaixo de minha cadeira, ou me saltava ao colo, cobrindo-me com suas odiosas carícias. Se me levantava para andar, metia-se-me entre as pemas e quase me derrubava, ou então, cravando suas longas e afiadas garras em minha roupa, subia por ela até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse ímpetos de matá-lo de um golpe, abstinha-me de fazê-lo devido, em parte, à lembrança de meu crime anterior, mas, sobretudo - apresso-me a confessá-lo - , pelo pavor extremo que o animal me despertava. Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia defini-lo de outra maneira. Quase me envergonha confessar - sim, mesmo nesta cela de criminoso - , quase me envergonha confessar que o terror e o pânico que o animal me inspirava eram aumentados por uma das mais puras fantasias que se possa imaginar.

Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi, e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida. Mas, lentamente, de maneira quase imperceptível - que a minha imaginação, durante muito tempo, lutou por rejeitar como fantasiosa -, adquirira, por fim, uma nitidez rigorosa de contornos. Era, agora, a imagem de um objeto cuja menção me faz tremer... E, sobretudo por isso, eu o encarava como a um monstro de horror e repugnância, do qual eu, se tivesse coragem, me teria livrado. Era agora, confesso, a imagem de uma coisa odiosa, abominável: a imagem da forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte! Na verdade, naquele momento eu era um miserável - um ser que ia além da própria miséria da humanidade. Era uma besta-fera, cujo irmão fora por mim desdenhosamente destruído... uma besta-fera que se engendrara em mim, homem feito à imagem do Deus Altíssimo. Oh, grande e insuportável infortúnio! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite, conheceria jamais a bênção do descanso! Durante o dia, o animal não me deixava a sós um único momento; e, à noite, despertava de hora em hora, tomado do indescritível terror de sentir o hálito quente da coisa sobre o meu rosto, e o seu enorme peso - encarnação de um pesadelo que não podia afastar de mim - pousado eternamente sobre o meu coração! Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom.

Pensamentos maus converteram-se em meus únicos companheiros - os mais sombrios e os mais perversos dos pensamentos. Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade - e enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, freqüentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher - pobre dela! - não se queixava nunca convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas. Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar, O gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo.

Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido. Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Ocorreram-me vários planos. Pensei, por um instante, em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los por meio do fogo. Resolvi, depois, cavar uma fossa no chão da adega. Em seguida, pensei em atirá-lo ao poço do quintal. Mudei de idéia e decidi metê-lo num caixote, como se fosse uma mercadoria, na forma habitual, fazendo com que um carregador o retirasse da casa. Finalmente, tive uma idéia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas. Aquela adega se prestava muito bem para tal propósito. As paredes não haviam sido construídas com muito cuidado e, pouco antes, haviam sido cobertas, em toda a sua extensão, com um reboco que a umidade impedira de endurecer.

Ademais, havia uma saliência numa das paredes, produzida por alguma chaminé ou lareira, que fora tapada para que se assemelhasse ao resto da adega. Não duvidei de que poderia facilmente retirar os tijolos naquele lugar, introduzir o corpo e recolocá-los do mesmo modo, sem que nenhum olhar pudesse descobrir nada que despertasse suspeita. E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior. Segurei-o nessa posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente. Arranjei cimento, cal e areia e, com toda a precaução possível, preparei uma argamassa que não se podia distinguir da anterior, cobrindo com ela, escrupulosamente, a nova parede.

Ao terminar, senti-me satisfeito, pois tudo correra bem. A parede não apresentava o menor sinal de ter sido rebocada. Limpei o chão com o maior cuidado e, lançando o olhar em tomo, disse, de mim para comigo: "Pelo menos aqui, o meu trabalho não foi em vão". O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. Não apareceu também durante a noite - e, assim, pela primeira vez, desde sua entrada em casa, consegui dormir tranqüila e profundamente. Sim, dormi mesmo com o peso daquele assassínio sobre a minha alma. Transcorreram o segundo e o terceiro dia - e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre.

O monstro, aterrorizado fugira para sempre de casa. Não tomaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura. No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca. Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo o porão, de ponta a ponta. Com os braços cruzados sobre o peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair. O júbilo que me inundava o coração era forte demais para que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tomar duplamente evidente a minha inocência. - Senhores - disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada - , é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (Quase não sabia o que dizia, em meu insuportável desejo de falar com naturalidade.) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes - os senhores já se vão? - , estas paredes são de grande solidez.

Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração. Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação. Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até à parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes. Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco. Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba! 

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Falando de Jodorowsky... Psicomagia

Psicomagia é o nome que o escritor chileno dá a uma técnica por ele criada e exercida de suposta cura espiritual. A técnica se baseia na premissa de que o inconsciente aceita os atos simbólicos como se fossem acontecimentos reais de modo que um ato mágico-simbólico-sagrado poderia modificar o comportamento do inconsciente e, portanto, se bem aplicado, curar certos traumas psicológicos. Estes atos são criados sob medida e são prescritos depois que o psicomago analisa as peculiaridades pessoais do consulente e estuda sua árvore genealógica.
A técnica é uma mistura de arte, psicoterapia moderna, filosofia oriental (em particular o zen budismo), misticismo, culturas antigas em geral, reencarnação, gnosticismo e Nova Era com uma influência especial de autores como Gurdjieff e Carlos Castaneda.
Na terapia psicoanalítica se tentaria traduzir a linguagem dos sonhos que pertencem ao inconsciente; mas, segundo Jodorowsky o inconsciente não é traduzível, ele é totalmente caótico, por esse motivo, o inconsciente não seria capaz de adotar uma expressão racional. Na psicomagia se propõe que se utilize o caminho inverso na comunicação consciente-inconsciente, que seja a parte racional das pessoas a aprender a linguagem do inconsciente.
A psicomagia parte do pressuposto de que em toda enfermidade há uma proibição (o sujeito é proibido de ser o que é), uma falta de consciência (o sujeito não se dá conta do que é) ou uma falta de beleza (quando perde a beleza espiritual, a pessoa adoece).
Segundo Jodorowsky, a psicomagia não pretende ser uma ciência e sim uma forma de arte que possui virtudes terapêuticas.
Vale lembrar que o conceito de arte de Jodorowsky é bastante particular. Para ele a finalidade da arte é curar. Posto aqui alguns trechos de uma entrevista que ele deu à revista Trip, sobre psicomagia.


A psicomagia só pode ser praticada por poucas pessoas, é verdade? Sim, só minha mulher, meu filho, um psiquiatra chileno amigo… é uma terapia vinda da arte. A psicanálise vem da ciência. A psicomagia, como investigadora do inconsciente, propõe que este seja artístico, não científico. São obras de arte as terapias, não têm uma forma sempre igual. Estou escrevendo um livro chamado Psicomagia para Todos.
Para fazer um ato de psicomagia você tem que passar um tempo estudando a história da família, não? Às vezes sim, mas às vezes só faço com a pessoa.
Já aconteceu algum dano com alguém? Em trinta anos, nunca. Você não pode dizer que um sonho seja errôneo. Assim, a psicomagia nunca é falsa, porque ela mexe direto com o inconsciente.
Qual foi a sessão de psicomagia mais estranha de que participou? Alguma violência? Não há violência. Se algum louco fica violento, mando embora e digo “vá tomar suas pílulas e volte quando se acalmar”. Estou para ajudá-los, não sou seu inimigo. Vamos usar sua loucura de um modo criativo.
Na psicomagia há algo muito presente em suas obras que é a não-linearidade: um choque emocional, um momento de vergonha, coisas que ninguém imaginaria ter feito… No processo de cura, é importante fazer algo que você nunca fez. Algo que seja muito difícil de fazer. Quanto mais difícil, mais curativo é o ato. Por exemplo, um halterofilista espanhol me procurou porque estava fraco, cansado demais, não podia fazer nada, ninguém sabia o que tinha. Bem, na sessão de psicomagia que fiz comecei pelo normal, perguntei de sua árvore genealógica, etc. Percebi que tinha um feroz complexo de Édipo. Disse: vá à casa de sua mãe e traga algum tipo de coração. Pode ser um desenho, um coração de galinha, qualquer tipo [risos]. Então, pegue o coração e viaje ao Egito. E o enterre na frente da Esfinge do Egito. Corra em volta da Esfinge gritando “Estou curado, estou curado”. O homem fez isso: foi à casa da mãe e achou uma caixinha de costura em forma de coração. Viajou para o Egito… a Esfinge estava toda cercada pela polícia, pois há ali muitos atos terroristas… mas ele achou um lugar e conseguiu enterrar e correr em volta da Esfinge! A maravilha é que no aeroporto ele conheceu uma japonesa que se tornou a mulher de sua vida. Ele recobrou sua força, fizeram amor o tempo todo e assim se curou.
É como fazer uma história com uma pessoa que vai atrair a sua fortuna… Fiz um curso no México com o grande psiquiatra da gestalt Claudio Naranjo. Havia 300 médicos ali. Fiz uma fila com todos e em algumas horas criei atos psicomágicos com todos eles. Me procurou uma médica, famosa por curar problemas posturais, furiosa porque sentia que os doutores lhe teriam metido a verga no cu [risos] com suas terapiass. Aí fui circulando a doutora, devagar, e, de repente, lhe dei uma dedada! [Gargalhadas] E ela se curou! Depois me disseram, “não te metas com a psicomagia ou alguém ainda vai te colocar um dedo no cu!”.
Que significa estar são? Ser você mesmo e não o que os outros querem que você seja. Quando nascemos, caímos num grupo familiar, cultural e social, com situações de pátria, raça… se você é o que querem que seja, estará doente.
Uma forma nietzchiana de pensar… Pode ser… depende do que você entende que foi Nietszche. Para uns, Nietzche é uma coisa, para mim, é um homem que o achavam louco porque soltava cavalos pelas praças. Ele é um poeta, uma vítima.
Psicomagia surge de um processo de buscas e encontros, não? … Sim, conheci Oscar Ichazo [psicólogo boliviano, fundadr do Centro de Arica e criador do eneagrama da personalidade] com Claudio Naranjo, e este com [Carlos] Castañeda [antropólogo e feiticeiro chileno, auto de A erva do Diabo]. Ele mostrou seu eneagrama para Naranjo, que percebeu ele o havia sacado de Gurdjieff [filósofo armênio que em Paris criou um círculo de autoconhecimento]. Do mesmo jeito me encontrei com [Paulo] Coelho também. Conheci-o em uma Feira de Guadalajara. Tínhamos o mesmo editor. No Brasil não sou muito conhecido, mas no México, sou bastante. Pela manhã cheguei à feira e me sentei por erro sob a foto de Coelho. Como ele tinha barba e ele também, acharam que ele era eu. Então por toda a manhã, assinei Paulo Coelho nos livros de 300 pessoas [risos]. Eu já fui Coelho! Acho que ele nem sabe disso. As pessoas saíram felizes…
E Ichazo, como o conheceu? O contatei para fazer A Montanha Sagrada. Me convidou a tomar LSD. E eu não queria tomar LSD como os idiotas que o tomam para ir a uma festa. Queria ter um mestre que me guiasse. Tomei duas vezes, oito horas cada uma, e me bastou.
Ayahuasca, tomou? Nunca tomei, não me interessa. Quando ayahuasca ainda não era moda, conheci um louco francês que tomava e fiz um comic chamado La Loca del Sagrado Corazón. É como um êxtase, mas… creio que um elemento que abre sua mente não tem por que estar unido a um rito religioso. Você toma a planta e começa a cantar coisas para a Virgem Maria, a Jesus Cristo, todas essas imbecilidades que a religião faz, e você tem justamente de se libertar de superstições e primitivismos. Não quero voltar ao primitivo. Quero ir ao primitivo, atravessar o racional para ir ao supraracional. Não quero voltar ao xamanismo. O xamã deve permanecer em seu lugar, se mora no México, fique no México, se está na Sibéria, fique na Sibéria, não abra uma loja em Paris. Se vai à cidade, vai pelo dólar. No campo, está cercado de seus elementos, os minerais, as plantas e os animais que conhece. Na cidade, um xamã deve utilizar os elementos da cidade. Uma vez curei uma senhora que tinha uma enorme melancolia com seu celular. Sua mãe estava a 1000 quilômetros de distância. Disse para ela ligar para sua mãe e dizer “te quero, te amo” e esfregar o celular pelo corpo, enquanto sua mãe lhe falava. Foi tão forte quanto um hábito xamânico primitivo. Você pode fazer xamanismo com automóveis, com copos, com computadores. Posso fazer um ato xamânico com essa colher. Vou inventar um, já me entusiasmei [risos]. Tive um aluno que certa vez se encontrou com a mulher de sua vida. Mas essa mulher lhe disse que tinha um tumor canceroso. Fomos fazer um creme com esses lubrificantes que se usa para fazer amor, como se chama? KY! Pedi para pegar isso e misturar àquele pó que se usa para fazer pastéis. E juntar com um colorante vegetal cor vermelha, e isso ficou parecendo sangue. Peguei uma faca de cozinha, uma esponja, juntei tudo, peguei algodões, álcool, brincamos de operar o tumor. Interessante é que esse lubrificante esquenta, por isso os homossexuais gostam de usá-lo… Você são homossexuais?
Não! [Risos] Então, aquilo parecia sangue quente, e o incrível é que, enquanto eu fazia a operação, a mulher dava verdadeiros gritos de terror, como se eu estivesse a operando, e mesmo sabendo que era um tumor falso. O corpo reconhece a metáfora. Quando tirei o tumor, peguei uma caixa cheia de bolas de chumbo e lhe dei uma: “Veja como pesava seu tumor”. Ela sabia que era falso, mas sentiu o peso. Pedi para que o jogasse no Sena, e assim ela o fez. Acredita que o tumor decresceu? Diminuiu a tal ponto que ela não precisou operá-lo. Ele foi feliz, ela foi feliz, eu fui feliz. Mas uma semana depois apareceu um tumor em outro lugar. Então compreendi que o tumor é um sintoma de um mal psicológico ou espiritual, que, mesmo você o extirpando, não irá desaparecer. Há que se atacar a alma. É isso o que eu quero dizer: o xamã é um placebo. O corpo acredita. 
Através da árvore genealógica você compreende sua psique? Completamente. O inconsciente é uma realidade. Os mortos de sua família continuam com você. Você fala com eles quando sonha. Sua mãe não está aqui, mas continua dentro de você. Que diferença há entre as duas? A sua mãe verdadeira é a que está dentro. 
A droga pode ser algo ritualístico? Existe uma palavra chamada egrégor. Várias pessoas reunidas juntas fazem um espírito juntas, que dura um ano. Os países têm um egrégor – a águia americana, o urso russo, o galo francês, o gavião brasileiro. As plantas também têm um egrégor. Pouco a pouco invadimos os territórios das plantas. Estamos matando a Amazônia, não? Então o egrégor das plantas descobriram que podem invadir o território humano através do sangue. Estamos invadidos pelo egrégor da maconha. Depois de um tempo, um maconheiro, um cocainômano, um ayahuasquero não são mais essas pessoas: são os egrégores das plantas que consomem. Vai desparecendo a pessoa e surgindo a planta – assim também com o vinho, o café, o chá… Somos o que ingerimos. E as plantas são nossos inimigos atualmente. Estão entrando em nosso lugar.
Como pode existir um xamã em uma sociedade de consumo? Há diferentes níveis de consciência. Infantil, cósmica, divina, animal, sexual. Então você vai encontrando um nível para entrar. Tudo é o uso que se faz das coisas. O presidente, os policiais, os políticos são nossos empregados, nós é que os usamos. Temos de semear consciências. E os imbecis, os incultos, os homens de consciência estreita votam. Não são os homens de consciência evoluída que ocupam o poder, senão os involuídos. E acontece o que vemos. Meu trabalho é semear consciência. 

Há como fazer psicomagia em massa? Eu fiz isso. Mandei 300 pessoas para um supermercado para que rezassem aos frangos [risos]. Pedi que ajoelhassem adiante aos frangos dos frigoríficos e rezassem como se orassem para Virgem Maria [gargalhadas]. Em Chile, uma vez pedi para despejarem milhares de poemas sobre o Palácio de La Moneda. Agora estou convidando mulheres para irem ao Vaticano, mil mulheres vestidas de papisa para que o Papa entenda que as mulheres também têm um direito de se comunicar com Deus [risos]. São protestos pacíficos. Estive com a presidenta do Chile, [Michelle] Bachelet – li o tarô para ela – , e disse a ela que os países estão sempre fazendo negócios. Não têm humanidade. É uma vergonha! Por que Chile não dá de presente à Bolívia um porto, sem que se peça nada em troca? As crianças bolivianas não podem conhecer o mar porque não tem um porto… é uma estupidez. E é uma terra desértica ali. Ela me disse: você tem razão. Ela é muito inteligente, me deu as melhores impressões. 

Poderia fazer um ato de psicomagia para jornalistas? Primeiro preciso saber o que são jornalistas.
Jornalistas são pessoas que fazem perguntas. Então façamos assim… você [para Ichiro] é Jodorowsky. E eu sou o jornalista. E eu pergunto: qual é a finalidade da sua vida, Jodorowsky?
Criar. E que é criar?
Viver. Bom. E o que é estar vivo?
Deixar fluir a força da vida…? Muito bem. Estou de acordo com sua sabedoria. Então, a partir de hoje, pare de dar entrevistas e viva o que você tem de viver.
E deixar de ser jornalista… Muda de profissão! [risos].
E vai fazer mais atos de psicomagia em público? Sim, acabo de fazer um no Chile com 5 mil pessoas. Agora quero fazer um com 100 mil pessoas na França. Quero provar que a energia de 100 mil pessoas juntas podem curar um câncer de uma pessoa. Gosto de fazer atos coletivos, não religiosos, não políticos, somente curativos, positivos.
E atos surrealistas, como rezar aos frangos? Quero fazer em Nova York um desfile de gordos. Todos os gordos levarão bandeiras com fotos de crianças raquíticas africanas. Incrível, não? Imagine o efeito disso: gordos levando esqueletos [risos]. Vou propor isso pela internet. Quero fazer atos públicos. Me interessa agora a psicomagia social.

Alice in Wonderland e Tim Burton

Depois de tantos trabalhos magníficos, Tim Burton agora em seu último longa, Alice no País das Maravilhas, me decepcionou. Assim, o filme ficou bom, mas faltou um pouco da identidade dele. Outro diretor não faria melhor admito, mas particularmente esperava mais. Dentre os pontos negativos: a atuação de Anne Hathaway (Rainha Branca), achei simplismente horrivel, ficou muito fraco;
a cena em que Alice pinta as rosas de vermelho poderia ter sido mais bem aproveitada;
por mais que ficou somente nos créditos do filme, a trilha sonora com Avril Lavigne, Owl City, entre outras, decaiu ainda mais meu apreço pelo filme, acabou sendo bem pop na verdade, a música dos créditos poderia ter sido a composta por Danny Elfman (Alice's Theme); achei também que faltou o lado sombrio, que vemos em Sweeney Todd e Sleepy Hollow; o fim do filme também podia ter sido melhor, algo mais objetivo talvez; não vi a inspiração em Arthur Rackham, que Tim disse ter tido, em nenhum momento; enfim, muitos mais.
Dentre os positivos: a trilha sonora de Danny Elfman, realmente ficou muito linda, principalmente Alice's Theme e Blood of Jabberwocky; maquiagem e figurino de todos os atores; atuação Johnny Depp; não consigo pensar em mais nenhum de destaque agora.
Bom... ainda é o meu diretor preferido, mas pra mim esse é o seu pior longa, infelizmente.


OBS:(Não sei se vocês repararam, mas nesse postêr do filme, e no filme, a árvore lá atrás é muito parecida com a árvore dos mortos no filme A  Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, que por sinal é do Tim também, não sei se por acaso ou propósito. ??)

Os Mutantes - Não vá se perder por ai

Cuidado meu amigo

Não vá se estrepar

Não queira dar um passo mais largo

Que as pernas podem dar

Não se iluda com um beijo

Uma frase ou um olhar

Não vá se perder por aí...

Você é bem grandinho

Já pode se cuidar e

Ir seguindo o seu caminho

Sempre errando até um dia acertar

Mas não tenha muita pressa

Vá tentando devagar

Só não vá se perder por aí...

Jodorowsky e Manara: Os Bórgia

Quando penso em Jodorowsky escrevendo um roteiro sobre a família Bórgia, não consigo imaginar artista melhor que Manara para desenhar a história; e o resultado, claro, incrível. 
Os 3 volumes do quadrinho, descrevem alguns atos de Rodrigo Bórgia, e sua familia, para se tornar o Papa Alexandre VI, num mundo de luxúria, poder e ouro.
Milo que é conhecido por seus traços eróticos, dá pra dizer que pegou leve nessa série, onde o foco principal ficou na trama e não nas belas mulheres do italiano. Bom... particularmente, gostei muito de tudo, e recomendo. Aos interessados aqui está a série para download: